Início de ano é sempre tempo de novas resoluções, de procurarmos melhorar o que correu bem e menos bem e, porque não - admitamos - independentemente da nossa idade e nível de pragmatismo, de sonharmos.

A minha experiência no mercado imobiliário, e de vida, o conhecimento do modo de funcionamento do país, bem como o pragmatismo e sentido prático que me caraterizam, deixam-me pouco espaço à ilusão, e muito menos à ingenuidade. Ainda assim, acalento sempre alguma esperança. Uma esperança que assenta, essencialmente, no resultado do trabalho e de apontar, construtivamente, um caminho de futuro, identificando o que pode e deve ser corrigido, com e pelo setor imobiliário.

Recusando-me a baixar os braços ou a ignorar o que está menos bem no nosso mercado, lutarei por novos e melhores tempos vindouros. Por um 2023  com menos imprevisibilidade fiscal; o pior inimigo de investidores. Por um 2023 em que olhe de forma construtiva para o melhor imobiliário fora de Lisboa. Por um 2023 em que o imobiliário de luxo tenha os melhores níveis de serviço ao cliente, opondo-me a processos totalmente virtuais e despedidos de alma, bem como de qualidade de serviço ao cliente. Por um 2023 sem atrasos infinitos nos licenciamentos camarários, o que onera projetos, quando não os deita mesmo por terra, antes sequer de serem erigidos.


Por um 2023 em que o aumento dos preços de matérias primas seja imputado de forma séria à construção em novo e à reabilitação. Por um 2023 com programas transparentes e éticos de captação de investidores e famílias estrangeiras. Por um 2023 em que Portugal, proativamente, procure famílias e investidores em novas geografias, diluindo o risco para todos os atores do palco imobiliário. Por um 2023 que seja um momento de viragem essencial e urgente, no que concerne à formação formal e obrigatória de empresários e consultores, para poderem atuar no setor imobiliário. Por um 2023 mais cerebral e de decisões (de proprietários, promotores e consultores imobiliários) "com pés bem assentes na terra", por forma a que se evite a chegada de produtos tóxicos ao mercado. Por um 2023 em que tenhamos em atenção as crises imobiliárias que se vivem na China e Estados Unidos, evitando erros de palmatória do passado. Por um 2023 em que os Vistos Gold sejam criteriosos e incentivem ao investimento diferenciado, gerando mais economia para o país.

Enfim, por um 2023 melhor para todos quantos somos agentes ativos no mercado imobiliário, seja no segmento de luxo, high-end ou mass market.

Se 2023 será um ano completamente diferente e com todos estes, e muitos outros, problemas corrigidos? Certamente que não. Ainda assim, cumpre-me lutar, dia a dia, para que os veja corrigidos. Acredito que, com o envolvimento construtivo e esforço de todos (Estado, promotores, construtores, investidores, imobiliárias e demais atores desta indústria), 2023 seja um ano de viragem. O primeiro, até termos um mercado imobiliário nacional de referência global.

Os problemas, bem como as soluções, são conhecidos de todos. Basta arregaçar mangas e deitar mão à obra para termos um futuro ainda mais risonho para todos os envolvidos. São os meus votos, num misto de pragmatismo e ilusão.

Fonte: Supercasa.