A atividade de reabilitação urbana em Portugal registou sinais de recuperação em setembro de 2024, de acordo com o mais recente inquérito realizado pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN). Os dados recolhidos junto dos empresários que operam neste segmento revelam uma evolução positiva de vários indicadores qualitativos, refletindo um clima de estabilidade e otimismo moderado entre os profissionais do setor.

Em particular, o índice da Carteira de Encomendas, que mede o volume de trabalho futuro garantido pelas empresas, demonstrou uma recuperação significativa após meses de declínio. Este avanço, aliado a uma estabilização do nível de atividade e a uma projeção de crescimento na produção contratada, sugere uma retoma gradual da confiança nas operações de reabilitação urbana em todo o país.

Nível de atividade permanece estável com pequeno crescimento

O índice de Nível de Atividade, que reflete a intensidade das operações realizadas pelas empresas, manteve-se estável em relação ao mês anterior, mas registou um ligeiro crescimento de 0,1% quando comparado com o mesmo período de 2023. Apesar de modesto, este aumento quebra a tendência de descida verificada anteriormente e aponta para uma recuperação gradual.

Este indicador é especialmente relevante, pois traduz a capacidade das empresas em manter uma atividade consistente e sustentada no curto prazo, independentemente das flutuações do mercado. Em setembro de 2024, o aumento ligeiro do índice sugere que, embora o setor tenha enfrentado desafios significativos nos meses anteriores, os níveis de procura por serviços de reabilitação urbana começam a dar sinais de estabilização.

Recuperação da carteira de encomendas com crescimento de 1,6%

índice da Carteira de Encomendas teve uma recuperação mais expressiva, com uma variação positiva de 1,6% face a setembro de 2023. Esta subida representa uma inversão da tendência de queda que marcou o setor nos meses anteriores, e é um dado particularmente encorajador para os empresários, pois indica um aumento no volume de novos projetos contratados ou em vias de contratação.

Este índice é um importante barómetro de confiança no setor da reabilitação urbana, dado que mede o trabalho futuro das empresas e reflete a capacidade do mercado em garantir uma ocupação a médio e longo prazo. A recuperação da Carteira de Encomendas sugere que, apesar dos obstáculos enfrentados em 2024, existe uma demanda crescente por projetos de reabilitação urbana, impulsionada pelo interesse em revitalizar o património edificado nas cidades portuguesas.

Produção contratada aponta para estabilidade e crescimento

Outro dado relevante do inquérito da AICCOPN refere-se ao índice de Produção Contratada, que mede o tempo de laboração previsto a um ritmo normal de produção. Em setembro de 2024, este índice situou-se nos 9,9 meses, refletindo uma estabilidade no ritmo de trabalho das empresas do setor e uma evolução positiva em comparação com os 9,3 meses registados no mesmo mês de 2023.

Este aumento na produção contratada é um sinal positivo, pois indica que as empresas de reabilitação urbana têm trabalho assegurado para um período mais longo, o que contribui para a sustentabilidade das operações e para uma melhor gestão dos recursos. A estabilização deste índice também reforça a ideia de que o setor se encontra em fase de retoma, beneficiando de um volume de encomendas que permite um planeamento a médio prazo.

Fatores de influência na retoma do setor

A recuperação dos indicadores de reabilitação urbana pode ser atribuída a diversos fatores que, ao longo de 2024, têm impulsionado o setor. A valorização do património histórico e urbano, aliada à crescente procura por habitações renovadas nos centros urbanos, está a desempenhar um papel importante na revitalização da reabilitação urbana.

Além disso, o apoio do Governo e os incentivos financeiros para projetos de renovação sustentável, bem como o aumento de linhas de financiamento com condições vantajosas, têm facilitado o investimento em reabilitação urbana, quer para proprietários, quer para empresas. Estes fatores são determinantes para a retoma da confiança entre os investidores e os agentes do setor, incentivando a contratação de novos projetos e o aumento da carteira de encomendas.

Apesar dos sinais positivos, os empresários do setor da reabilitação urbana continuam a enfrentar alguns desafios. A escassez de mão de obra qualificada e o aumento dos custos dos materiais de construção são obstáculos que impactam a capacidade das empresas em dar resposta à crescente procura. Estes fatores poderão condicionar o ritmo de recuperação do setor nos próximos meses.

No entanto, as perspetivas são de otimismo moderado, especialmente devido ao interesse crescente na sustentabilidade e eficiência energética dos edifícios. A reabilitação urbana, além de contribuir para a conservação do património arquitetónico, é uma das respostas mais eficazes para a construção sustentável, reduzindo a pegada de carbono e promovendo a utilização de materiais de menor impacto ambiental.

O aumento das exigências de sustentabilidade poderá, assim, funcionar como um incentivo adicional para o crescimento do setor da reabilitação urbana, atraindo mais investimentos e consolidando o papel deste segmento na economia nacional.

A recuperação dos indicadores de reabilitação urbana em setembro de 2024 representa uma oportunidade importante para as empresas do setor consolidarem a sua posição no mercado. Com uma carteira de encomendas em crescimento e um nível de atividade estável, as empresas têm agora a oportunidade de reforçar a sua capacidade operacional e de investir na formação de equipas especializadas para responder à procura crescente.

As empresas de reabilitação urbana que conseguirem adaptar-se aos novos desafios e exigências do mercado, especialmente no que diz respeito à sustentabilidade e à eficiência energética, estarão melhor posicionadas para garantir um crescimento sólido e sustentável nos próximos anos.

Os resultados do inquérito da AICCOPN apontam para uma recuperação gradual e promissora da reabilitação urbana em Portugal, assinalando um novo capítulo para o setor e reafirmando o papel essencial que desempenha na valorização do património edificado e na renovação dos centros urbanos.