O ano de 2022 não tem dado tréguas ao orçamento das famílias, que se vêm cada vez mais aflitas para fazer face aos seus compromissos financeiros, enquanto vêm o seu poder de compra reduzir drasticamente. A subida dos preços e do custo de vida por via da subida da inflação e cuja evolução crescente e sistemática o Banco Central Europeu (BCE) procura conter através do aumento das taxas de referência, com especial destaque para a taxa Euribor, tem gerado apreensão e algum incredulidade por parte dos especialistas que consideram que desta forma, as famílias estão a ser castigadas em duas frentes: na perda de rendimento líquido efetivo, a par com o aumento do valor das suas despesas fixas mensais. 

Mas, não adianta ignorar uma realidade que veio para ficar e que continuará a ser alimentada pelo conflito na Ucrânia, com as devidas consequências sobre uma economia mundial já de si ainda débil e a tentar recuperar do forte impacto provocado pela pandemia, com consequências a longo prazo que ainda estão por apurar.

No meio deste tumulto económico encontram-se as famílias que tentam, a todo o custo, fazer face às suas responsabilidades. Porque, se para o BCE as medidas tomadas ao longo deste segundo semestre têm tido como objetivo conter as consequências nefastas que um aumento descontrolado da inflação teriam sobre a Economia mundial, para as famílias, trata-se de uma luta diária para assegurar o seu próprio futuro.

A OCDE acredita que as taxas de juro vão chegar aos 4% já em 2023. Se tal se verificar, as prestações do crédito à habitação vão subir brutalmente, podendo as taxas Euribor vir a atingir o patamar de 5%, tal como já aconteceu no passado. Neste sentido, Christine Lagarde, presidente do BCE continua a defender aquela que considera a sua principal missão, a qual está gravada nos tratados europeus e que passa por garantir a estabilidade dos preços.

Com esta medida, Lagarde defende que o seu objetivo não passa, de forma alguma, por limitar ou reduzir o crescimento económico, mas é imperativo trazer a inflação dos atuais quase 9% para 2%. Perante o objetivo traçado e assumido, a expetativa de todos recai apenas sobre quanto vão subir as taxas de juro, sendo que, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) já defende uma previsão, nesta altura, de subida das taxas até aos 4% já em 2023: “na área do euro, o BCE enfrenta um ambiente desafiante, dadas as perspetivas face às pressões inflacionistas cada vez mais generalizadas.”

Taxas nos 4% só por duas vezes desde 1999

A concretizar-se o cenário da OCDE, será apenas a terceira vez desde 1999 que o BCE coloca as taxas de juro no patamar dos 4%. A primeira foi em 2000, numa altura em que o BCE começou a subir a sua principal taxa diretora um ano antes, de 2,5% para 3% e, em outubro de 2000, as taxas chegavam aos 4,75%, mantendo-se acima dos 4% até setembro de 2001.

Fonte: SuperCasa