Nível de rendimentos necessário para comprar casa aumentou Desde 2017 que o valor de entrada para a compra de um imóvel com recurso a crédito bancário duplicou, nas cidades de Lisboa e Porto. 28 jul 2023 min de leitura Comprar casa é cada vez mais difícil hoje em dia, sobretudo para quem não tem rendimentos muito altos ou poupanças no banco. Infelizmente, e devido à crise na habitação, provocada por vários fatores como a falta de ativos imobiliários, a grande procura de casa por estrangeiros e a subida dos preços, tem havido várias mudanças no mercado imobiliário que, desde 2017, têm-se agravado significativamente. Da autoria de Rita Lourenço, Paulo M. M. Rodrigues e Hugo de Almeida Vilares, foi desenvolvido um documento integrado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), que faz um balanço e atualiza o estudo anteriormente lançado em 2021, onde foi traçado o retrato do setor imobiliário em Portugal e a sua evolução ao longo dos anos. De acordo com o estudo, entre 2017 e 2022, aumentou em mais do dobro o capital inicial necessário para a entrada na compra de uma casa mediana, de cerca de 30 mil euros para 56 mil euros, no concelho de Lisboa. No Porto esta foi uma subida de 16 mil para 37 mil euros, uma subida considerável, tendo em que conta que os aumentos não acompanham a evolução salarial, levando cada vez mais famílias a sentir dificuldades no acesso ao mercado habitacional. Para adquirir um imóvel mediano nas grandes cidades, hoje em dia, e de acordo com o estudo, são necessários os rendimentos conjuntos de um casal a ganhar, pelo menos, o percentual 60 da distribuição de rendimentos da zona geográfica em que se inserem, ao contrário do que se passava em 2017, quando para comprar a mesma casa bastavam os rendimentos no percentil 40 de um agregado. Para os jovens, sobretudo, esta é uma batalha difícil de vencer, e apenas aqueles com "muito sucesso" conseguem, de facto, aceder a este direito básico. O estudo comenta: "é teoricamente possível que um agregado familiar jovem cumpra os requisitos de rendimento para contrair o empréstimo necessário, mas não tenha a poupança necessária para a entrada, e que passados alguns anos possa ter já poupança disponível, mas já não cumpra os requisitos de rendimento, num processo que o mantém mais afastado da possibilidade de aquisição". Arrendamento verifica "uma evolução mais suavizada" Apesar de ainda não se terem atingido os objetivos ideais para o mercado de arrendamento, face ao mercado imobiliário, as coisas neste segmento são mais favoráveis, tendo-se verificado, entre os anos em análise, uma evolução ligeiramente mais positiva em termos de acessibilidade. No entanto, se se tratar de um agregado composto apenas por uma pessoa, ou neste caso um inquilino, "a situação é significativamente pior". O estudo explica: "é significativamente mais difícil entrar no mercado tanto de arrendamento como de aquisição do que era há cinco ou seis anos, mesmo quando se olha para as localizações mais baratas nas áreas metropolitanas ou nas cidades de Lisboa e Porto", e acrescenta que "um jovem (ou casal), para adquirir ou arrendar casa, tem de estar inserido com muito sucesso no mercado de trabalho, e no caso de aquisição, ser capaz de acumular poupanças a um ritmo acelerado, ou obter financiamento particular, muitas vezes proveniente do seu contexto familiar". Fonte: Supercasa Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado