A agência de notação financeira Moody's divulgou uma análise onde deixa previsões concretas relativas ao mercado imobiliário português, sublinhando que pode vir a ocorrer uma correção dos preços das casas que, até ao momento, "ultrapassam os valores intrísecos". Os fatores que outrora provocaram a escalada de preços, como a procura por parte de investidores, o crescimento económico e as baixas taxas de juro estão a deixar de existir, o que obrigará a uma correção do setor. 

A agência afirma, na nota divulgada, que "desde 2015, os preços das casas em Portugal aumentaram, em média, 9,1% por ano, uma das mais rápidas taxas de crescimento da União Europeia e muito acima da média dos 27, de 5,5%. O crescimento económico contínuo, as baixas taxas de juro e a procura dos investidores contribuíram para este desenvolvimento". Uma vez que, atualmente, já não se verificam estes fenómenos, os preços poderão efetivamente descer, e a travagem da economia, o eventual desinteresse dos investidores e a inflação galopante serão as principais responsáveis. 

Estas correções poderão ser especialmente sentidas pelas famílias detentoras de créditos habitação, uma vez que "debaixo destas medidas, os concedentes de crédito têm de avaliar a capacidade de pagar as dívidas a taxas de juro que estão três pontos percentuais acima das taxas de juro reais, entre outras coisas", no entanto, para quem procure casa, pode levar ao afastamento do "crédito a potenciais compradores".

Em Portugal verifica-se, no entanto, uma dependência mínima aos créditos bancários, que segundo os dados do Banco de Portugal, entre 2018 e o segundo trimestre de 2022, mais de metade das casas foram adquiridas com recurso a dinheiro, e não através de empréstimos bancários, o que representa uma autonomia económica maior do que noutros países europeus. 

Fonte: Supercasa