O crédito à habitação em Portugal registou um desempenho misto em novembro de 2024, refletindo dinâmicas importantes no mercado financeiro e imobiliário. Apesar de uma ligeira redução no volume total de novos contratos, que se fixou nos 1.667 milhões de euros (menos 10 milhões do que em outubro), este valor foi o segundo maior da série estatística desde 2014. Este facto sublinha a procura consistente por financiamento para habitação, especialmente entre os jovens.

Crédito à Habitação: A Importância dos Jovens no Mercado

O segmento de jovens até 35 anos continua a desempenhar um papel central no crédito à habitação. Em novembro, este grupo representou 48% do total dos novos contratos para habitação própria permanente, demonstrando a sua relevância crescente na dinâmica do mercado. Este dado é crucial para entender as tendências de consumo e planeamento financeiro entre as novas gerações.

Taxas de Juro em Queda: Um Alívio para os Consumidores

As taxas de juro médias dos novos contratos de crédito à habitação continuaram a recuar, fixando-se em 3,29% em novembro. Este é o valor mais baixo desde janeiro de 2023 e representa o décimo terceiro mês consecutivo de descida.

Nos contratos renegociados, a taxa média desceu para 3,65%, reforçando a tendência de condições mais favoráveis para os mutuários. Esta redução nas taxas de juro traduz-se em prestações mais acessíveis e um alívio financeiro direto para as famílias portuguesas.

A Preferência por Taxas Mistas nos Contratos de Crédito

Os contratos a taxa mista continuam a dominar o mercado, representando 76% das novas operações em novembro. Este tipo de contrato, que combina uma taxa fixa inicial seguida por uma taxa variável, oferece maior previsibilidade e flexibilidade aos consumidores.

A taxa de juro média nas operações a taxa mista foi de 3,06%, inferior às taxas aplicadas em contratos exclusivamente variáveis ou fixos. Esta escolha predominante reflete a procura por soluções equilibradas face à volatilidade do mercado financeiro.

Prestação Mensal: Redução nos Encargos das Famílias

A prestação média mensal dos créditos à habitação diminuiu para 417 euros em novembro, o valor mais baixo desde novembro de 2023. Este decréscimo é um reflexo direto das quedas nas taxas de juro e representa um alívio significativo nos encargos das famílias.

Outros Segmentos do Crédito em Novembro

O total das novas operações de crédito aos particulares, que inclui contratos novos e renegociados, atingiu 2.982 milhões de euros, uma redução de 106 milhões face a outubro.

No crédito ao consumo, verificou-se uma diminuição para 540 milhões de euros, com a taxa de juro média a recuar para 8,71%. Já nos empréstimos para outros fins, o volume total caiu para 216 milhões, com uma taxa média de 4,03%.

Crédito às Empresas: Ajustes no Mercado Corporativo

O segmento empresarial também registou uma redução em novembro. O montante total de novas operações foi de 2.167 milhões de euros, com as renegociações a descerem para 232 milhões. A taxa de juro média nos novos contratos diminuiu para 4,46%, refletindo uma ligeira melhoria nas condições de financiamento.

Perspetivas para o Crédito à Habitação em Portugal

Os dados de novembro de 2024 revelam um mercado de crédito à habitação em ajustamento, mas ainda robusto. A redução contínua das taxas de juro e o papel ativo dos jovens são sinais positivos para a sustentabilidade do setor.

A procura por crédito à habitação deverá manter-se sólida nos próximos meses, dependendo das decisões do Banco Central Europeu e da evolução da economia global. O foco em taxas mistas e a estabilização das prestações médias continuarão a desempenhar um papel crucial para consumidores e instituições financeiras.

Fonte: SuperCasa