O setor da construção entra em 2025 com uma base sólida, demonstrando resiliência face aos desafios económicos recentes. Dados do final de 2024, da AICCOPN, mostram que o setor não apenas manteve a sua atividade estável, como também apresentou avanços significativos em áreas estratégicas, como a eficiência operacional, a inovação tecnológica e o aumento dos investimentos em obras públicas e habitação.

Estes resultados confirmam a importância da construção como um pilar central da economia portuguesa, capaz de impulsionar o crescimento e responder às necessidades da população, mesmo num cenário de incertezas globais.

Crescimento equilibrado e novas oportunidades

No final de 2024, o investimento em construção, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), registou uma variação estável, enquanto o Valor Acrescentado Bruto (VAB) do setor cresceu 1,4% em termos homólogos. Este crescimento reflete uma maior eficiência das empresas e o incremento de obras concluídas, um sinal positivo para a entrada em 2025.

O licenciamento de novas construções também recuperou gradualmente, com um aumento acumulado de 1,9% no número de licenças emitidas até setembro. Embora o número de fogos licenciados tenha sofrido uma leve quebra de 1,4%, totalizando 24.611 habitações, há um esforço evidente para equilibrar a oferta e a procura, especialmente no segmento da habitação acessível.

Crédito à habitação e avaliação imobiliária em alta

O mercado imobiliário continuou a ser impulsionado pelo crescimento do crédito à habitação. Até outubro de 2024, o montante concedido pelos bancos aumentou 35,8% em termos homólogos, atingindo 14.002 milhões de euros.

Adicionalmente, o valor mediano da avaliação bancária para habitação fixou-se em 1.721 euros por metro quadrado, representando um aumento de 12% em relação ao ano anterior. Estes números refletem não apenas a confiança das instituições financeiras, mas também a valorização dos imóveis em Portugal, que se mantém atrativa tanto para residentes como para investidores estrangeiros.

Obras públicas como motor do crescimento

Um dos principais motores do dinamismo do setor tem sido o segmento de engenharia civil, que beneficiou de um aumento expressivo nos concursos e contratos de empreitadas públicas. Até outubro de 2024, os concursos promovidos cresceram 39,1%, enquanto os contratos efetivamente celebrados subiram 47% face ao mesmo período do ano anterior.

Estes investimentos foram direcionados para áreas cruciais, como infraestruturas de transporte, redes de energia e saneamento básico, com destaque para projetos financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Estes desenvolvimentos são essenciais para melhorar a competitividade do país e apoiar o crescimento económico em regiões mais desfavorecidas.

Sustentabilidade e inovação moldam o futuro

A transição para práticas mais sustentáveis e a integração de novas tecnologias continuam a transformar o setor da construção. A procura por edifícios energeticamente eficientes e o uso de materiais ecológicos estão a moldar uma nova realidade, alinhada com os objetivos climáticos nacionais e europeus.

Por outro lado, a digitalização tem desempenhado um papel crucial, com a adoção crescente de ferramentas como o BIM (Building Information Modeling), que permitem planear e gerir projetos com maior precisão e eficiência. Estas inovações não apenas reduzem custos, mas também tornam o setor mais competitivo e preparado para os desafios do futuro.

Desafios persistentes

Apesar dos sinais positivos, o setor da construção em 2025 enfrenta desafios importantes, como o aumento dos custos dos materiais e a falta de mão de obra qualificada. Estes fatores continuam a pressionar os orçamentos das empresas e a dificultar o cumprimento de prazos em alguns projetos.

Adicionalmente, a subida das taxas de juro e a inflação podem afetar a procura por crédito à habitação, especialmente entre as famílias de rendimentos mais baixos. Estes fatores exigem respostas rápidas e eficazes, tanto por parte das empresas como do Governo, para garantir que o setor mantém o seu dinamismo.

O setor da construção está bem posicionado para continuar a ser um dos motores da economia nacional. O reforço dos investimentos em infraestruturas públicas, aliado à aposta em inovação e sustentabilidade, deverá criar novas oportunidades e mitigar os desafios existentes.

Com programas de financiamento como o PRR e outros fundos europeus, o setor tem as condições necessárias para crescer de forma equilibrada e inclusiva. A combinação de esforços públicos e privados será fundamental para maximizar o impacto destas iniciativas e assegurar que os benefícios chegam a todas as regiões do país.

Um setor em evolução constante

Em 2025, o setor da construção promete continuar a evoluir, adaptando-se às novas exigências do mercado e da sociedade. A resiliência demonstrada nos últimos anos é um testemunho da capacidade das empresas e dos profissionais em ultrapassar adversidades e encontrar soluções criativas para problemas complexos.

Com um foco renovado em qualidade, sustentabilidade e inovação, a construção não só ajudará a modernizar as infraestruturas do país, como também contribuirá para o bem-estar das comunidades e para a proteção do ambiente.

Este compromisso com o futuro posiciona Portugal como um exemplo de como o setor da construção pode ser um agente de mudança positiva, promovendo desenvolvimento económico e social de forma sustentável e inclusiva.

Fonte: Supercasa