É uma boa ideia comprar uma casa em agosto? E colocar um imóvel à venda? Analisamos o mercado num dos meses mais quentes do ano, e os números surpreendem: há cada vez mais operações a serem fechadas no chamado mês das férias. Procurámos as razões pelas quais compradores e vendedores animam o imobiliário em agosto: o mediador tem mais tempo para se dedicar ao cliente, por exemplo, e as horas de luz do dia permitem que a casa seja avaliada com mais garantias.

"Estou no setor há quase 30 anos, e o verão anterior mudou muito em comparação com agora", explica Nora García, CEO da imobiliária Igarka em Valência e presidente da Associação de Imobiliário da Comunidade Valenciana (Ascival). "Antes, no mês de agosto tudo parava, agora é muito diferente, embora quebre um pouco. Mas há atividade: menos movimento, mas de mais qualidade”, refere a especialista.

Comprar em agosto: 4 vantagens

  • 1) Mais e melhor momento para tomar a decisão

Um aspeto referido pelos especialistas do setor imobiliário, cuja importância talvez não seja valorizada na medida certa, é a tranquilidade de procurar e decidir por uma compra tão significativa em poucas semanas de relaxamento como as férias. "Nunca temos mais tempo disponível do que durante nossas férias, e também a cabeça está mais livre de preocupações", explica García, "então parece-me um excelente momento para tomar uma decisão tão importante".

  • 2) Um bom mês para avaliar o imóvel

A luz de agosto e as horas de luminosidade permitem valorizar o imóvel com mais garantias e durante mais horas do dia. Da mesma forma, valorizar jardins, piscinas ou campos polidesportivos num momento de pleno funcionamento.

Juan José Jareño, gestor do Look and Find Moratalaz (Madrid) desde 1998, acredita que "não importa a quão bonita seja a propriedade, não é a mesma coisa vê-la a chover do que com bom tempo. Também se tem a oportunidade de valorizar as áreas comuns. No final, toda essa encenação é muito favorável para que o comprador tome a decisão certa”, refere.

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Foto de Jonathan Borba no Unsplash

  • 3) Maior dedicação do consultor de imóveis

"Quanto menos volume de trabalho, maior e melhor atendimento ao cliente", continua Jareño. “Tem-se mais tempo e mais disponibilidade para mostrar os imóveis porque muitos vendedores deixam-nos as suas chaves, o que nos permite ver a casa com muita tranquilidade".

Outra vantagem de comprar em agosto é aproveitar um melhor atendimento da imobiliária. Ao diminuir o número de interessados nas semanas de agosto, os agentes imobiliários garantem abordar com mais cuidado a seleção dos imóveis a serem visitados e a dedicação a cada uma das visitas agendadas.

Tranquilidade que não se vive nas cidades do litoral, onde a venda de casas de verão vive o seu mês mais efervescente. Para Pol Fontes, diretor comercial da Gilmar, rede imobiliária com ampla presença na Costa do Sol e Málaga, "é um mês de muito contacto com os clientes, muitas visitas. Em agosto os profissionais das casas de férias entram em contacto físico com o cliente, enquanto no resto do ano há um tratamento mais remoto, e isso ajuda a entendê-lo melhor e mostrar um produto mais selecionado. Por isso, é comum que nos meses seguintes, após estudar a operação com o seu banco e assessores, tomem a decisão de comprar o imóvel visto em agosto. A nossa recomendação é ser ágil na decisão se quiserem garantir aquela casa."

  • 4) Proprietários abertos à negociação

Uma vantagem adicional para a compra de apartamentos no verão nos mercados mais urbanos, é que diante de um movimento menor de procura, o vendedor que recebe uma oferta que considera “valiosa” geralmente oferece maior disponibilidade para baixar o preço.

"Não é uma norma, mas é um mês em que o vendedor não quer perder tempo, e isso o predispõe a estar mais disponível para negociar no preço do que no resto do ano", diz Jareño. Algo que acontece precisamente ao contrário nos mercados de férias, "as suas expectativas aumentam", diz Gilmar. "Quando chega a altura é preciso fazer um trabalho de equilíbrio para os fazer ver a realidade, o que nem sempre é fácil", refere.

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Foto de Francesca Tosolini no Unsplash

Vender em agosto: três razões poderosas

A venda de uma casa nunca ocorre sem o encontro entre procura e oferta. Por isso, é conveniente saber se existem fatores que favorecem a venda num mês tradicionalmente considerado transitório por muitos vendedores.

  • 1) Menos concorrência

Esta é a razão mais óbvia. A oferta “relaxa” com a onda de calor, diminuindo a carteira de apartamentos disponíveis em agências e portais. Situação que nos mercados mais urbanos favorece quem tem mais presença.

  • 2) Propostas de maior qualidade

Agora é hora de apontar qual é, sem dúvida, a maior vantagem de vender em agosto. "As pessoas que nas férias se dedicam a visitar casas é porque estão realmente interessadas, e precisam. Embora as imobiliárias tentem filtrar muito ao longo do ano para não fazerem visitas desnecessárias, no verão deteta-se um interesse real em comprar na maioria dos interessados", explica García, de Valência.

De Marbella, Fontes aconselha que em agosto o vendedor deve tornar o seu imóvel visível ao máximo. "Tanto os compradores nacionais como os estrangeiros fazem uma prospeção preliminar do mercado anterior, mas é durante o verão, e especialmente em agosto como o mês de maior afluência, que vêm vê-los para concretizar as ideias que têm na cabeça”.

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Foto de Zac Gudakov no Unsplash

  • 3) Retorno imediato para o investidor

"O cliente investidor que compra em agosto tem a possibilidade de dar rentabilidade imediata ao seu novo imóvel", explica Fontes de Gilmar: "É fácil arrendá-lo até ao final da época, que aqui se estende até à primeira quinzena de dezembro".

Embora a temporalidade não condicione tanto o mercado de arrendamento urbano, para este tipo de investidores a disponibilidade para arrendamento em setembro também é sempre rentável, especialmente para aqueles apartamentos adequados ao perfil estudantil.

"No final", como aponta García, "o mais importante é acertar o momento de cada um e a casa de todos. Se se gosta do apartamento e se pode pagar, porquê esperar?


Fonte: Idealista