Para comprar a primeira casa é essencial perceber a situação atual do mercado, de modo a avaliar os gastos e as possibilidades que existem para quem pretende comprar casa, tudo isto com base num artigo do Santander.
 
Mercado imobiliário em Portugal
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes ao primeiro trimestre de 2021 revelam que o preço médio da habitação foi de 1 241€/m², o que retrata um aumento de 3,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Relativamente ao preço por metro quadrado, é em Lisboa que estão os valores mais elevados (3 257€/m²). Ainda assim, há uma desaceleração dos preços praticados, que pode ser uma boa oportunidade para quem está a pensar comprar casa nesta zona.

O INE ainda revela que em Cascais (2 936€/m²), Oeiras (2 536€/m²), Porto (2 282€/m²) e Odivelas (2 071€/m²) os preços também se apresentam superiores a 2 000€/m². No entanto, no Porto e em Matosinhos os preços aumentaram mais de 16% em comparação com o primeiro trimestre de 2020.

Assim, se quer comprar casa, comece por ter em conta estas tendências, para usufruir de eventuais diminuições dos preços ou para evitar zonas onde estão a subir rapidamente.

Como escolher?
O preço do metro quadrado é um componente a ter em conta, no entanto, há outros que não deve esquecer, como a distância entre a casa e o trabalho e o custo (e tempo) de fazer esse percurso. Vale a pena ponderar também a rede de transportes públicos existente na zona.

O estado da casa é outro fator essencial. Se é um apartamento usado, pode precisar de pequenas remodelações e esta é uma situação que deve ter em atenção ao negociar o preço com o vendedor.

A exposição solar, a existência de garagem e a proximidade de escolas, serviços e comércio são outros componentes a ponderar e que valorizam uma habitação, tal como o facto de estar numa zona residencial mais residencial ou industrial.

"O confinamento valorizou casas com varandas, terraços ou espaços verdes nas proximidades. Por isso, na dúvida, escolha uma casa com um espaço exterior", como sugere o Santander.

Despesas como as quotas de condomínio e outros custos de manutenção do imóvel também devem ser avaliados antes de decidir.

A parte emocional também deve ser tida em conta, visto que uma nova casa representa uma nova vida. É essencial que se goste da casa que se vai comprar, uma vez que não é algo que possa trocar muito facilmente.

 No entanto, deve encarar a aquisição de um imóvel como um investimento, analisando bem os prós e os contras dessa opção e a facilidade ou dificuldade com que o poderá vender caso seja necessário.

Dicas para quando procura casa
Deve-se iniciar por procurar casas com a tipologia, área e localização que se gostaria, em diversos sites e portais imobiliários, como SUPERCASA e o CASASAPO"Compare preços, veja com atenção as imagens e características do imóvel e, se puder, passe no local antes de agendar uma visita, para perceber se aquela zona corresponde às suas expetativas".

Pode procurar notícias sobre a área em questão, de forma a perceber situações de insegurança, como assaltos frequentes, desvalorizam o imóvel e podem ser a razão para uma súbita baixa de preços. Já a existência de projetos de reconversão e reabilitação pode ser um fator de valorização e um sinal de que aquele local vai ser bastante apetecível.

Quanto custa comprar casa?
O valor da casa é apenas uma parte do investimento, apesar de ser a mais significativa. Neste fator há, desde logo, uma decisão fundamental: pagar a pronto ou recorrer ao crédito à habitação.

A primeira possibilidade não está ao alcance de todos. Portanto, se vai contrair um empréstimo, conte com o valor da prestação como despesa fixa. 

Para já, é essencial compreender que o banco não deverá emprestar a totalidade do valor de que vai necessitar, podendo, no máximo, conseguir 90% do valor. Neste sentido, se pondera comprar casa, comece por poupar para a entrada e para outras despesas iniciais.

Em termos de despesas, além do sinal, deve-se contar com a avaliação do imóvel e outras despesas associadas com a contratação do empréstimo, tal como com o pagamento dos registos e as despesas com a escritura.

Conte ainda com impostos, como o Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e o Imposto do Selo.

Mobilar a casa é outro investimento avultado, apesar de puder ser um processo faseado que vai fazendo de acordo com o orçamento disponível.

Ao receber a chave da casa, outras despesas inevitáveis devem ser tidas em conta, além da eventual prestação do crédito habitação, como a água, luz, gás, comunicações, seguros e quotas do condomínio serão custos fixos e, na maior parte dos casos, mensais.

O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) é outro custo associado à compra da casa. O pagamento é anual e pode ser efetuado em prestações se o valor for superior a 100 euros. É possível ter isenção de IMI se o valor do imóvel e/ou os rendimentos dos proprietários forem baixos. Informe-se sobre as isenções em vigor e veja se podem ser aplicadas ao seu caso.

Assim, e tendo em conta todos estes custos, é importante preparar financeiramente a compra da sua primeira casa e, talvez, adiar essa decisão até ter um valor significativo de lado. Comece por construir uma poupança para poder pagar as despesas iniciais.

Crédito habitação: o que é preciso saber
Apesar de não haver dois créditos iguais, normalmente, há situações que são comuns a todos os créditos. Uma é a chamada taxa de esforço, ou seja, a percentagem do rendimento que fica afeta à prestação do crédito.

Sendo que a mensalidade do crédito é apenas uma das muitas despesas que vai ter ao comprar casa, a taxa de esforço não deve ser muito alta. 

Quanto mais alta for, maior será o risco de incumprimento caso surja um imprevisto. Neste sentido, este é um componente fundamental tanto para si como para o banco. 

Se a taxa de esforço for muito alta, pode ter dificuldade em conseguir o empréstimo.

Posteriormente, há questões como as taxas de juro, que podem ser fixas, variáveis ou mistas. Por outras, pode pagar a mesma taxa ao longo de todo o empréstimo, pode ter a taxa indexada à Euribor, ou optar por uma taxa que junta as duas hipóteses. Ou seja, paga taxa fixa durante uma fase do empréstimo e variável noutra.

O prazo é outro componente a ter em conta. Quanto mais longo, mais baixa é a prestação mensal, no entanto, mais juros vai pagar durante o empréstimo. É necessário também não esquecer o spread, ou seja, um fator da taxa de juro que é estabelecida pelo banco e que varia consoante o empréstimo.

Qual a tendência dos créditos em Portugal?
Cada caso é um caso. De qualquer forma, é útil compreender o que é mais comum nos créditos habitação concedidos em Portugal. Até para perceber o que lhe poderá ser proposto.

O Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho (2020), divulgado pelo Banco de Portugal em julho de 2021, revela que, apesar da pandemia, os portugueses continuaram a recorrer ao crédito para comprar casa.

Em 2020, os bancos emprestaram 10,8 mil milhões de euros para a aquisição de imóveis, um aumento de 4,7% face a 2019. Foram celebrados 90 633 contratos, uma média de 7 553 por mês.

O valor médio de cada crédito foi de 119 371 euros. Mas esta é uma média. Na verdade, 38% dos contratos de crédito à habitação envolveram montantes superiores a 120 mil euros e 40% tinham valores inferiores a 90 mil euros.

Quase todos os créditos (99,3% dos contratos e 99,4% do montante concedido) tinham uma garantia hipotecária.

O prazo médio dos contratos foi de 33,1 anos. Os prazos entre os 35 e os 40 anos foram os mais frequentes nos créditos à habitação celebrados em 2020.

A grande maioria dos novos contratos (82,3%) tinham taxa variável; 12% taxa mista e apenas uma pequena parte tinha taxa fixa.

Entre os contratos com taxa variável:
  • 65% tinham spreads entre 1 e 1,5 pontos percentuais
  • 8,4% tinham spreads entre 1,5 e 2 pontos percentuais
  • cerca de um quarto tinha spreads entre os 0,5 e 1 pontos percentuais
  • o spread médio era de 1,19 pontos percentuais.


A Euribor a 12 meses representou 73,7% dos novos contratos e do montante de crédito concedido. A Euribor a 6 meses foi o indexante de 25,3% dos novos contratos e a Euribor a 3 meses de apenas 0,2%.

Cuidados a ter
Se o negócio é demasiado bom para ser verdade, provavelmente há algo que não está bem. Esta é a primeira medida a ter em conta.

Se vai comprar casa por uma agência imobiliária, deve-se certificar de que está devidamente licenciada. 

Se vai tratar diretamente com um particular, deve ter ainda mais atenção, já que há aspetos legais que lhe podem escapar. Além disso, terá de resolver questões burocráticas que, geralmente, são tratadas pelos mediadores.

Assim, há alguns cuidados a ter. Verifique na conservatória do registo predial se existem hipotecas ou penhoras sobre a casa, ou sobre o terreno onde está construída.
 
Se vai comprar um apartamento usado, certifique-se de que não existem dívidas do anterior proprietário ao condomínio; veja também se há obras agendadas, já que muitas vezes esse facto pode representar uma despesa extra para os condóminos.

Comprar um imóvel que pertence ao banco, pode facilitar algumas etapas do processo e garantir um preço mais baixo.

Se é a primeira vez que vai comprar casa, aconselhe-se com um amigo ou familiar que já tenha experiência neste campo.